
Com a paixão desconcerta o pensamento
E ama. É física a profundidade.
Inspira Vénus o desejo ardente
Para nos mover à última ansiedade.
Num ser unívoco o amor enleia
Os corpos nus. Na área da magia
Rompe a brancura; e cresce, ao tempo alheia,
A onda do prazer, causa da vida.
Segura no infinito a carne aberta
Atrai o sangue que corre para a verdade
Procurando na jóia mais secreta
Do corpo a inicial da eternidade.
Um sol em agonia a tarde gera
E vai o espasmo ao mais fundo da alma
Buscar o grito casto que se enterra
Na terra fêmea e faz cair a máscara.
Lânguidas e lívidas esfolham-se então nos corpos
estrelas caídas no trono da loucura.
O sangue enrosca-se e faz sair dos poros
Um fumo de almas que mastigam nuvens.
[poema adaptado de Natália Correia]