
Atravessamos o presente de olhos vendados, mal podemos pressentir ou adivinhar aquilo que estamos a viver. Só mais tarde, quando a venda é retirada e examinamos o passado, percebemos o que foi vivido, compreendendo o sentido do que se passou.
Vivia como um desses excêntricos que acreditam escapar dos olhares indiscretos, protegidos por altas muralhas, porque deixam de levar em conta um pequeno detalhe: que essas muralhas são de vidro transparente.

Paret GOLDBERG Fotografía Pere Ferrer
…mas é sempre o que acontece na vida: imaginamos representar um papel numa determinada peça e não percebemos que os cenários foram discretamente mudados, de modo que, sem perceber, devemos actuar num outro espectáculo.
Milan Kundera, O livro dos Risíveis Amores